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A prostituição se transforma em Brasil: Do prazer a necessidade

Autor: Bruno Quintais Arruda Data da publicação: 19 mayo, 2020

A prostituição está muito estendida por todo o país e durante décadas havia sido normalizada até o ponto que para muitos cidadãos o “contratar uma puta” estava relacionado com uma atividade de ócio como qualquer outra.

Porém nos últimos tempos tudo mudou, a forte crise que se está vivendo no mundo todo em nível sanitário e a falta de ações por parte do governo de Bolsonaro, levaram o Brasil a uma situação crítica e, para muitas pessoas, o panorama se voltou totalmente dramático.

As garotas de programa em Aracaju foram uma das que mais sofreram com a crise, onde as acompanhantes maiores de 60 anos ainda seguem exercendo a prostituição como faziam a décadas, pois esse era o único meio de subsistência que conheciam.

A necessidade urgente de trabalhar por conta própria

Como milhares de trabalhadores autônomos, o desempenho de seu trabalho é o seu pagamento e eles estão plenamente conscientes de que, se não saírem às ruas para trabalhar, não serão capazes de gerar dinheiro para pagar as contas e até mesmo poder comer.

A Rede Brasileira de Prostitutas RBP liderada por sua fundadora Lourdes Barreto denunciou a situação atual em que em Aracaju e em outras cidades espalhadas por todo o país, mais e mais pessoas estão exigindo os serviços sexuais de pessoas idosas (mais de 60) que trabalham sem as condições mínimas (sem camisinha, realizando qualquer tipo de prática sexual e não cumprindo com as normas da quarentena).

O risco dobrado que sofrem as trabalhadoras sexuais de Aracaju

Se para todas as pessoas deixar de cumprir com as normas do confinamento podem supor uma grave risco para a sua saúde, está mais que demonstrado que as pessoas maiores de 60 anos tem menos possibilidade de superar com êxito a doença.

É por isso que, ademas de arriscar a contrair todo tipo de doenças de transmissão sexual, agora também poderiam contrai o vírus que poderia acabar com as suas vidas e, como se fosse pouco, beneficiariam a propagação do vírus e tudo que isso poderia supor.

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Os potenciais clientes de prostitutas desapareceram

Antes de que a crise chegasse e afetasse diretamente a população mundial, o dia a dia das mulheres acompanhantes em Aracaju era sair na rua e esperar que aparecesse algum cliente.

Hoje em dia, muitas delas seguem fazendo a mesma coisa, porém existe uma grande diferença: não existem clientes. Devido a isso, muitas associações estão tratando de tirar as mulheres das ruas para levá-las a albergues onde teriam um teto e um prato de comida enquanto dura toda essa situação.

Ainda assim, muitas delas resistem a receber esse tipo de ajuda, pensando que poderiam sair com seu próprio esforço dessa situação, que na verdade o que está passando é algo passageiro e que poderão seguir trabalhando normalmente em muito pouco tempo.

A solidariedade é o único aliado que permite prosseguir

Para quem sim aceita uma ajuda, a solidariedade dos donos dos albergues que agora fecharam as suas portas para o seu público por um imperativo legal e fundamental do governo, convidam a deixar quartos de maneira gratuita para que as acompanhantes e outras pessoas com dificuldade possam sair das ruas e dessa maneira, evitar o contágio.

As acompanhantes em Aracaju que decidiram não se arriscarem a continuar prestando os seus serviços sexuais, encontraram na solidariedade a única solução. Alguns clientes habituais, familiares e amigos começaram a realizar transferências anônimas para tratar de suavizar a situação dramática nas quais essas mulheres se encontravam.

Do mesmo modo, diversas prostitutas começaram a colaborar entre elas, compartindo gastos, casa e comida para tratar de remar todas juntas esperando que a situação que vivemos acabe o mais pronto possível.